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Em um encontro com Paul McCartney, Bob Dylan ouviu algumas músicas do novo álbum dos Beatles e comentou: “Vocês já não querem mais ser bonitinhos!”
Em um encontro com Paul McCartney, Bob Dylan ouviu algumas músicas do novo álbum dos Beatles e comentou: “Vocês já não querem mais ser bonitinhos!”
Esta frase é a melhor introdução que se pode encontrar para falar de toda a revolução artística, política e filosófica que este novo disco foi símbolo.
O ano de 1966 foi muito confuso para os Beatles. As declarações de John sobre o Cristianismo haviam gerado muitos problemas, mesmo entre a beatlemania. Até a Ku Klux Klan estava organizando protestos e tudo isso afetou mais ainda o quarteto. Tudo isso somado à falta de segurança, de recursos técnicos para as apresentações ao vivo, mais os problemas sofridos nas Filipinas, fizeram com que os Beatles optassem pelo fim das turnês. Essa decisão gerou muitas dúvidas entre os fãs e a imprensa, que achavam que a banda tinha acabado.
Na verdade, os Beatles evoluíram muito rápido, não só musicalmente, mas o comportamento da banda já não era mais o mesmo. O uso de drogas como maconha e LSD mudou o tema das composições e aquela imagem de quatro rapazes ingênuos não interessava mais a eles. Na verdade, nem mesmo a beatlemania interessava muito aos Beatles nessa altura dos acontecimentos. O que eles queriam era falar de suas experiências. Agora, sem a correria das turnês, era possível produzir um disco com calma, usando o máximo dos recursos técnicos. Mais ainda: com toda criatividade da banda, era possível até mesmo criar novas técnicas de gravação.
Após o álbum Revolver, a gravadora EMI lançou uma coletânea chamada “A Collection of Beatles Oldies… But Goldies!” e em 06 de dezembro de 1966 a banda entra em estúdio novamente, sob a influência de discos como Pet Souds (Beach Boys) e Freak Out! (Frank Zappa). Paul McCartney teve a ideia da criação de um álbum conceitual, onde as músicas estariam todas ligadas e seguindo um mesmo tema. Porém, a partir da segunda canção, o disco perde esta característica, embora todas as canções mantenham uma semelhança nos timbres e no estilo de produção. Todos percebiam que aquele momento era histórico e que o mundo estava passando por uma mudança cultural muito grande. Paul imaginou então, os Beatles como outra banda. A “Banda do Clube de Corações Solitários do Sargento Pimenta”. Em meio ao clima de psicodelismo e experimentação e com uma grande variedade de influências, os Beatles entram em estúdio para produzir um disco que serviria como um retrato de toda uma geração.
Tudo ali precisava ser diferente. Gravações eram comprimidas, condensadas, distorcidas ou excessivamente equalizadas para atender às exigências dos Beatles. Sons carregados de eco, fitas de gravações rodadas ao contrário e vozes e instrumentos com velocidades alteradas mostravam que algo muito revolucionário estava sendo criado.
Em 17 de fevereiro de 1967, atendendo à pressão do empresário Brian Epstein, é lançado um compacto simples (chamado de single) com duas canções que entrariam no novo disco: Strawberry Fields Forever / Penny Lane. A banda apostava muito no lançamento destas canções, tanto que lançaram como um compacto com dois lados “A“, porque achavam que as duas músicas teriam o mesmo destaque.
Apesar da grande qualidade das duas canções, o single só chegou ao segundo lugar.Após 129 dias e aproximadamente 700 horas de gravação, as 13 canções do novo álbum estavam concluídas; agregando música indiana, jazz, sons invertidos, grandes orquestras, baladas e barulhos de animais à música pop; transformando o rock em forma de arte a ser cultuada por diversas gerações, como podemos conferir:
Os Beatles já tinham uma, criada por um grupo chamado “The Fool”, formado por artistas holandeses; mas Robert Fraser sugeriu que contratassem outro profissional para a criação da capa e chamaram Peter Blake para o trabalho. Paul e John sugeriram que ele imaginasse a banda após um concerto em um parque. Com isso surgiu a ideia da colagem com artistas atrás dos Beatles, como se tivessem assistido ao show. A sessão fotográfica foi realizada no dia 30 de março com o fotógrafo Michael Cooper. Os Beatles pousaram com roupas de sargentos e dentre as pessoas famosas que aparecem na capa, estão: Marilyn Monroe, Marlon Brando, Bob Dylan, Cassius Clay, Karl Marx, dentre outros. A lista foi sugestão de Peter Blake, que pediu que cada um dos Beatles escolhessem quem iria aparecer. John Lennon queria Gandhi, Hitler e Jesus Cristo, mas foram excluídos da capa por receio da gravadora. Além disso, pela primeira vez, a contra-capa trazia as letras das canções impressas e o encarte tinha um protetor para o vinil em papel colorido e várias figuras para serem recortadas.
Vários outros artistas se inspiraram na capa de Sgt. Pepper’s. Entre eles, estão: The Rutles; o disco We’re Only in It for the Money, lançado em 1968 por Frank Zappa and the Mothers of Invention e Zé Ramalho, no album Nação Nordestina.
O pouco apelo comercial dividiu muito a opinião da crítica. Algumas músicas tiveram sua execução proibida e o disco não tocou nas rádios. Mesmo assim, vendeu mais de 11 milhões de cópias só nos Estados Unidos e até hoje o disco figura em toda lista de melhores álbuns, sendo classificado como o melhor disco pela revista Rolling Stone, na lista dos 500 grandes álbuns de todos os tempos.
Um filme estrelado por Peter Frampton e Bee Gees foi lançado em 1978, homenageando o disco Sgt. Pepper’s. Vários outros artistas participam, inclusive George Harrison e Linda McCartney.
Além de Strawberry Fields Forever e Penny Lane, que foram lançadas antes em compacto, a canção chamada It’s Only a Northern Song também fez parte das sessões de gravação, mas só foi lançada em 1969, na trilha sonora do desenho animado Yellow Submarine.
Na mesma época em que Sgt. Pepper’s era produzido, o Pink Floyd gravava seu primeiro disco, chamado “The Piper at the Gates of Dawn”, também nos estúdios Abbey Road. Por isso, esses dois discos são considerados como o marco inicial do rock progressivo.
Ainda hoje, mais de quatro décadas após seu lançamento, Sgt. Pepper’s ainda desperta curiosidade e respeito. “O álbum revolucionário“, “o disco que transformou o rock em arte”, “o divisor de águas da música pop”, enfim… cabe a cada fã definir o disco da forma que mais lhe agradar.
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