Discografia para Download: http://maestrorobertoholandabeatles.blogspot.com/p/beatles-download.html
Disco 1
Lado A
Back In The USSR
Foi gravada na época em que Ringo brigou com o grupo, mas diretamente com Paul e ficou fora por um tempo. McCartney assumiu a bateria.O primeiro disco tem início com um admirável pastiche de rock’n roll clássico assinado por McCartney, “Back in the U.S.S.R.”, alusão a “Back in the U.S.A.” de Chuck Berry, em que referências à União Soviética substituem as originais, aos Estados Unidos. Fora a seqüência harmônica pouco ortodoxa no começo, tudo – a segunda parte, os riffs, o coro ao fundo, os jogos de palavras da letra – segue à risca a receita original; e o arranjo vocal lembra os Beach Boys gravando Chuck Berry, um pastiche de um pastiche.
Dear Prudence
A segunda faixa, de Lennon, “Dear Prudence”, obedece à tradição presleyana de alternar rocks quentes com baladas mais suaves. Foi composta na Índia por John Lennon, para animar Prudence, irmã de Mia Farrow, que fazia parte da troupe que por lá excursionava.
Glass Onion
Na terceira já entramos em território minado: em “Glass onion”, John Lennon retoma o clima entre transgressivo e nonsense de “I am the walrus”, realizando uma espécie de colcha de retalhos com fragmentos de letras e melodias de canções anteriores do conjunto. Lennon direciona a música para fãs que tentavam descobrir mensagens subliminares nas músicas dos Beatles.
Ob - La - Di - Ob - La - Da
A faixa seguinte, “Ob-la-di, ob-la-da”, é de uma banalidade tão gritante que parece ter uma intenção satírica, impressão confirmada pelo final inesperado da letra: a idílica história de amor termina com uma inquietante troca de sexo do pai de família (na verdade, apenas um erro de Paul durante a gravação, que acabou sendo deixado na versão final, de propósito). Lennon, Harrison e Starr ficaram cansados de tanto gravar esta música, que tomou cerca de 60 takes, a ponto de John declarar que odiava a canção. Se tornou primeiro lugar nas paradas de sucesso inglesas em uma regravação com o grupo Marmelade.
Wild Honey Pie
“Wild honey pie”, uma brincadeira inconseqüente, funciona como introdução para outra melodia aparentemente infantil, desta vez de Lennon.
The Continuing Story Of Bungalow Bill
Mas aqui desde o estribilho a intenção satírica é clara, e o tom da brincadeira um pouco mais pesado; Bungalow Bill e sua mãe são pessoas perigosamente violentas. O tema da não-violência aqui introduzido reaparecerá diversas vezes ao longo das faixas, constituindo um dos poucos fios condutores deste álbum tão descosido. Trouxe a participação de Yoko Ono (mulher de John), de Pattie Boyd (mulher de George) e de Maureen Cox (mulher de Ringo) na vocalização.
While My Guitar Gently Weeps
A primeira composição de Harrison do disco, “While my guitar gently weeps”, se destaca pela beleza da melodia, letra mística e o apuro do instrumental. O requintado solo de guitarra, feito por Eric Clapton, surpreende, embora seu nome não tenha sido creditado no álbum. Apesar de boatos maldosos, Claprton foi convidado a fazer o solo não por limitações técnicas de George Harrison, como guitarristas. Mas, para amenizar o clima tenso que havia entre os Beatles durante a gravação do album. Segundo palavras do próprio Harrison: "É engraçado ver como ninguém quer parecer "áspero" quando se recebe uma visita."
Happiness Is A Warm Gun
O enlevo melódico é quebrado pela dissonância agressiva de “Happiness is a warm gun”, uma das canções mais cáusticas produzidas por Lennon até então, em que o tema da antiviolência é retomado. O lado A do disco 1 se encerra com Lennon declamando, num tom quase libidinoso, versos que descrevem o contato sensual entre um dedo e um gatilho. Foi banida da rádio BBC devido ao seu apelo sexual.
Lado B
Martha My Dear
“Martha my dear”, é mais uma balada edulcorada de McCartney, temperada com alguns toques de humor (que ficarão mais claros quando, em declarações à imprensa, o compositor explicar que Martha é o nome de sua cadela). Contou com a participação de músicos de estúdio e de George Harrison no contra-baixo e Lennon na guitarra.
I'm So Tired
Seguindo a tradicional fórmula da dupla, o açúcar de McCartney é imediatamente seguido pela acidez de Lennon, em “I’m so tired”. Escrita na Índia por Lennon, se refere ao cansaço causado pelo período de meditação, passado na Índia, assim como da evidências do cansaço de vida em geral, como o peso de ser um Beatle e com a falta de vontade de levar o casamento com Cynthia, adiante.
Black Bird
A terceira faixa é uma pequena jóia: se “Back in the U.S.S.R.” é uma homenagem a Chuck Berry, “Blackbird” – discreto comentário de McCartney sobre a questão racial norte-americana – consegue recriar o idioma folk e a linguagem metafórica do primeiro Dylan, dos tempos de “Blowin’ in the wind”; mais uma vez, temos aqui pastiche de primeira qualidade. Somente Paul participou da gravação. A expressão Bird, também refere-se à gíria que jovens de Liverpool usavam para garotas bonitas.
Piggies
Harrison retoma o tom agressivo de Lennon, só que o alvo agora é a vida dos porcos-políticos, os arrogantes de classa alta que esbanjam riqueza e até mesmo a prática de comer carne, tratada como uma forma de canibalismo. O arranjo pseudobarroco, com cravo e cordas, e os porquinhos do início da letra parecem infantis, mas pouco a pouco a canção começa a descambar para um tom agressivamente grotesco. Temos aqui a mesma situação de “Bungalow Bill”, uma ambigüidade que é mais uma das marcas do álbum: uma oscilação entre o anódino e o violento, entre uma certa doçura que de certo modo havia se tornado a marca registrada dos Beatles e um potencial subversivo, tradicionalmente atribuído a conjuntos que, como os Rolling Stones, ocupavam no imaginário do rock a versão atualizada do que fora, na década anterior, o estereótipo da “juventude transviada”. Não contou com a participação de Lennon na gravação.
Rocky Racon
O humor meio nonsense de “Rocky Raccoon”, uma paródia bem-humorada das baladas do velho Oeste, por um momento nos devolve ao mundo menos ameaçador dos Beatles açucarados dos discos anteriores. Contou com a participação de George Martin no piano ao estilo de velhos salões do oeste americano.
Don’t Pass Me By
Primeira composição de Ringo Starr a ser gravada pelos Beatles, tendo este composto apenas mais uma música enquanto membro da banda: "Octopus's Garden", que aparece no álbum Abbey Road.
Why Don’t We Do It In The Road?
Uma curta vinheta de McCartney que parece aludir à revolução dos costumes do período – no ano seguinte, em Woodstock, milhares de pessoas de fato “fariam na estrada”, mesmo com todo mundo olhando. Só foi gravada por McCartney e Starr.
I Will
“I will”, uma canção curta de McCartney que parece conter, em menos de dois minutos, todos as nuances das baladas românticas de compactos de rock. Escrita para Linda Eastman, que mais tarde se tornaria sua mulher. Foi a primeira música que McCartney dedicou a ela. A música não contou com a participação de Lennon e Harrison.
Julia
Dedicada à sua mãe. Somente John participou da gravação. Em 2001, Sean Lennon, filho de John, cantou a música no especial em homenagem a John, Come Together.
Discografia para Download: http://maestrorobertoholandabeatles.blogspot.com/p/beatles-download.html
Disco 2
Lado A
Birthday
uma das últimas músicas que John e Paul colaboram juntos para a composição. Contou com a participação de Yoko Ono e Pattie Boyd (mulher de George) na vocalização. Os Beatles, naquele dia, acabaram de assistir ao filme "The Girl Can't Help It", foram ao estúdio e gravaram apenas a parte instrumental da música. A vocalização foi inserida depois.
Yer Blues
“Yer blues”, a voz e a interpretação de Lennon contêm uma aspereza e uma agressividade que prenunciam o estilo que, oito anos depois, seria rotulado pela crítica de punk rock. John cantou a música no ''Rock and Roll Circus'' dos Rolling Stones junto a Eric Clapton e Keith Richards em 1968. Foi a única música dos Beatles que John cantou ao vivo no Festival de Toronto em 1969. Esta música marca a volta de Ringo Starr às gravações, após o desentendimento com o grupo. Em sua volta, Ringo econtrou o estúdio enfeitado com balões e sua bateria repleta de flores com um grande cartaz dizendo: "Você é o melhor baterista do Rock and Roll, volte pra casa!"
Mother Nature Son
Composta e gravada somente por Paul. Começou a ser escrita ainda na Índia é relata o contato de Paul com a natureza naqueles dias longe de toda a correria Beatle.
Evebory's Got Something To Hide Except For Me And My Monkey
Também começou a ser composta na índia e sua letra é uma quebra-cabeça de palavras. O título foi retirado por bordões típicos citados por Yogi, na Índia. Excetuando-se a parte sobre o "monkey".
Sexy Sadie
Uma melodia suave, harmonicamente estranha e desafiadora, com uma letra enigmática em que Lennon se despede com ironia do Maharishi. Principalmente pelo fato do guru Maharishi ter supostamente tentado seduzir Mia Farrow.
Helter Skelter
Com o grito final de Ringo: “I got blisters on my fingers” (“Meus dedos estão cheios de bolhas”).Quando, pouco depois, Charles Manson e seu bando de assassinos enlouquecidos rabiscaram “HELTER SKELTER” na parede do apartamento onde cometeram sua chacina gratuita, os Beatles ficaram mortificados; mas de algum modo a escolha parecia apropriada. Anos mais tarde os críticos apontariam essa faixa, ao lado de gravações contemporâneas dos Doors e “In-a-gadda-da-vida” do Iron Butterfly, como a semente do que veio a se chamar de heavy metal. Não é por menos que a canção seria regravada nas décadas seguintes por uma penca de conjuntos, do Aerosmith ao U2, passando por Motley Crüe e Siouxsie and the Banshees. Foi a resposta de Paul gravar a música mais barulhenta que ele pudesse fazer depois de saber que o grupo The Who havia feito algo semelhante em "I Can See For Miles". Especula-se que há uma versão de 27 minutos que não entrou no álbum e continua inédita até hoje.
Long, Long, Long.
Uma melodia doce, um riff de violão de arrepiar, uma letra simples... Long, Long, Long é sem dúvida uma das mais belas músicas compostas por George(e minha música predileta no repertório dos Beatles). George posta sua voz como se fosse um delicado cristal a cada frase.
Lado B
Revolution
É praticamente uma versão acústica da música "Revolution", que apareceu em um compacto lançado anteriormente(em ritmo mais acelerado e com mais “peso”), junto com Hey Jude. Os Beatles(na verdade Lennon)conseguiam mais uma vez captar o espírito rebelde de 1968 com brilho. Posições pacifistas e não-violentas defendidas por Lennon e Harrison em diversas oportunidades; como “We all want to change the world / But when you talk about destruction/ Don’t you know you can count me out?” (“Todos nós queremos mudar o mundo/ Mas quando você fala sobre destruição/ Não vê que estou fora dessa?”) iam a contrapelo da sensibilidade da época.
Honey Pie
A faixa seguinte vira as costas para o momento histórico: “Honey pie” é uma das muitas composições de McCartney que nada devem ao rock, dando a impressão de pertencerem a uma Inglaterra antiga, meio mítica, impressão realçada, na introdução da faixa, pelo engenhoso efeito de disco de 78 rotações arranhado.
Savoy Truffle
um rock agitado, Harrison constrói toda uma letra em cima da descrição de uma caixa de bombons, com alguns toques eróticos e private jokes (inclusive uma referência, discretamente crítica, a “Ob-la-di, ob-la-da”, gravada três meses antes).
Cry Baby Cry
John fala que se baseou em histórias que ouvia quando era criança, apesar do clima de contos de fada, com reis e duquesas, pode ser lida também como uma crítica sutil ao cotidiano indolente e fútil da nobreza da Inglaterra (todos ainda se lembram da ocasião em que Lennon, quando o conjunto se apresentava a um público aristocrático, pediu à platéia que aplaudisse e acrescentou: “Vocês nos camarotes, é só sacudir as jóias.”). Tudo parece indicar que o Álbum branco caminha para um final tranqüilo, após a explosão do terceiro lado. No entanto, a penúltima faixa, a mais longa de todas, contraria todas as expectativas. À medida que o enigmático verso final de “Cry baby cry” (“can you take me where I came from, brother can you take me back?”) vai desaparencendo aos poucos.
Revolution 9
Após todo o lirísmos da faixa anterior, ouve-se uma voz masculina repetindo “Number nine, number nine”, e tem início a faixa mais estranha até então incluída num disco de música popular. “Revolution 9” é música concreta, um tipo de criação musical que não era mais nenhuma novidade no final dos anos sessenta; mas sua inclusão num álbum de rock era uma temeridade. Logo veio à tona que a faixa fora uma imposição de Lennon, contra a oposição acirrada de McCartney e do arranjador e mentor musical do grupo, George Martin; acabou saindo como um gesto de desafio do mais rebelde dos Beatles, aparentemente um corpo estranho no disco. Porém em 1968, passado o espanto inicial, “Revolution 9” pareceu a muitos mais afinado com o espírito geral do Álbum branco e do momento histórico do que “Revolution 1”. Numa colcha de retalhos sonora que evoca aquelas colagens visuais de manchetes de jornais e fotos de revistas com que tantos adolescentes da época enfeitavam seus fichários escolares, entra um pouco de tudo: programas de rádio, clichês cinematográficos, trechos de estudos para piano, gritos, risos, música de igreja, até mesmo uma espécie de slogan gritado em coro que logo foi identificado – seria a Guarda Vermelha chinesa entoando o nome do Grande Timoneiro. De certo modo, é o clima de “Helter skelter” outra vez, só que sem recorrer ao idioma do rock, um pandemônio desconexo que é talvez o retrato sonoro mais perfeito de 1968. Após essa faixa longuíssima, em que os Beatles parecem estar exigindo de seu público mais do que qualquer músico popular jamais ousou fazer, como terminar o álbum? Da maneira mais inesperada possível, é claro.
Good Night
“Good night” é o final perfeito para o disco mais caótico e heterogêneo do rock: uma balada melosa (teria sido composta por Lennon para seu filho como um acalanto, com intenção de parodiar o estilo de Paul), com uma melodia repetitiva, uma letra da mais perfeita doce, uma orquestração suabilíssima – violinos, violoncelos e um coro feminino – e, no primeiro plano, a voz de Ringo Starr, sem tentar em absoluto disfarçar o pesado sotaque de Liverpool. Quando a faixa parece chegar ao fim, temos uma pequena modulação harmônica a canção recomeça, agora em tempo de valsa! É um toque magistral. Por fim, enquanto a orquestra sai de cena num diminuendo, Ringo se despede do respeitável público – que, como ele bem sabe, incluirá dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo assim que o disco chegar às lojas, quatro meses após essa sessão de estúdio: “Good night good night everybody/ Everybody everywhere/ Good night.”
Disco 1
Lado A
Back In The USSR
Foi gravada na época em que Ringo brigou com o grupo, mas diretamente com Paul e ficou fora por um tempo. McCartney assumiu a bateria.O primeiro disco tem início com um admirável pastiche de rock’n roll clássico assinado por McCartney, “Back in the U.S.S.R.”, alusão a “Back in the U.S.A.” de Chuck Berry, em que referências à União Soviética substituem as originais, aos Estados Unidos. Fora a seqüência harmônica pouco ortodoxa no começo, tudo – a segunda parte, os riffs, o coro ao fundo, os jogos de palavras da letra – segue à risca a receita original; e o arranjo vocal lembra os Beach Boys gravando Chuck Berry, um pastiche de um pastiche.
Dear Prudence
A segunda faixa, de Lennon, “Dear Prudence”, obedece à tradição presleyana de alternar rocks quentes com baladas mais suaves. Foi composta na Índia por John Lennon, para animar Prudence, irmã de Mia Farrow, que fazia parte da troupe que por lá excursionava.
Glass Onion
Na terceira já entramos em território minado: em “Glass onion”, John Lennon retoma o clima entre transgressivo e nonsense de “I am the walrus”, realizando uma espécie de colcha de retalhos com fragmentos de letras e melodias de canções anteriores do conjunto. Lennon direciona a música para fãs que tentavam descobrir mensagens subliminares nas músicas dos Beatles.
Ob - La - Di - Ob - La - Da
A faixa seguinte, “Ob-la-di, ob-la-da”, é de uma banalidade tão gritante que parece ter uma intenção satírica, impressão confirmada pelo final inesperado da letra: a idílica história de amor termina com uma inquietante troca de sexo do pai de família (na verdade, apenas um erro de Paul durante a gravação, que acabou sendo deixado na versão final, de propósito). Lennon, Harrison e Starr ficaram cansados de tanto gravar esta música, que tomou cerca de 60 takes, a ponto de John declarar que odiava a canção. Se tornou primeiro lugar nas paradas de sucesso inglesas em uma regravação com o grupo Marmelade.
Wild Honey Pie
“Wild honey pie”, uma brincadeira inconseqüente, funciona como introdução para outra melodia aparentemente infantil, desta vez de Lennon.
The Continuing Story Of Bungalow Bill
Mas aqui desde o estribilho a intenção satírica é clara, e o tom da brincadeira um pouco mais pesado; Bungalow Bill e sua mãe são pessoas perigosamente violentas. O tema da não-violência aqui introduzido reaparecerá diversas vezes ao longo das faixas, constituindo um dos poucos fios condutores deste álbum tão descosido. Trouxe a participação de Yoko Ono (mulher de John), de Pattie Boyd (mulher de George) e de Maureen Cox (mulher de Ringo) na vocalização.
While My Guitar Gently Weeps
A primeira composição de Harrison do disco, “While my guitar gently weeps”, se destaca pela beleza da melodia, letra mística e o apuro do instrumental. O requintado solo de guitarra, feito por Eric Clapton, surpreende, embora seu nome não tenha sido creditado no álbum. Apesar de boatos maldosos, Claprton foi convidado a fazer o solo não por limitações técnicas de George Harrison, como guitarristas. Mas, para amenizar o clima tenso que havia entre os Beatles durante a gravação do album. Segundo palavras do próprio Harrison: "É engraçado ver como ninguém quer parecer "áspero" quando se recebe uma visita."
Happiness Is A Warm Gun
O enlevo melódico é quebrado pela dissonância agressiva de “Happiness is a warm gun”, uma das canções mais cáusticas produzidas por Lennon até então, em que o tema da antiviolência é retomado. O lado A do disco 1 se encerra com Lennon declamando, num tom quase libidinoso, versos que descrevem o contato sensual entre um dedo e um gatilho. Foi banida da rádio BBC devido ao seu apelo sexual.
Lado B
Martha My Dear
“Martha my dear”, é mais uma balada edulcorada de McCartney, temperada com alguns toques de humor (que ficarão mais claros quando, em declarações à imprensa, o compositor explicar que Martha é o nome de sua cadela). Contou com a participação de músicos de estúdio e de George Harrison no contra-baixo e Lennon na guitarra.
I'm So Tired
Seguindo a tradicional fórmula da dupla, o açúcar de McCartney é imediatamente seguido pela acidez de Lennon, em “I’m so tired”. Escrita na Índia por Lennon, se refere ao cansaço causado pelo período de meditação, passado na Índia, assim como da evidências do cansaço de vida em geral, como o peso de ser um Beatle e com a falta de vontade de levar o casamento com Cynthia, adiante.
Black Bird
A terceira faixa é uma pequena jóia: se “Back in the U.S.S.R.” é uma homenagem a Chuck Berry, “Blackbird” – discreto comentário de McCartney sobre a questão racial norte-americana – consegue recriar o idioma folk e a linguagem metafórica do primeiro Dylan, dos tempos de “Blowin’ in the wind”; mais uma vez, temos aqui pastiche de primeira qualidade. Somente Paul participou da gravação. A expressão Bird, também refere-se à gíria que jovens de Liverpool usavam para garotas bonitas.
Piggies
Harrison retoma o tom agressivo de Lennon, só que o alvo agora é a vida dos porcos-políticos, os arrogantes de classa alta que esbanjam riqueza e até mesmo a prática de comer carne, tratada como uma forma de canibalismo. O arranjo pseudobarroco, com cravo e cordas, e os porquinhos do início da letra parecem infantis, mas pouco a pouco a canção começa a descambar para um tom agressivamente grotesco. Temos aqui a mesma situação de “Bungalow Bill”, uma ambigüidade que é mais uma das marcas do álbum: uma oscilação entre o anódino e o violento, entre uma certa doçura que de certo modo havia se tornado a marca registrada dos Beatles e um potencial subversivo, tradicionalmente atribuído a conjuntos que, como os Rolling Stones, ocupavam no imaginário do rock a versão atualizada do que fora, na década anterior, o estereótipo da “juventude transviada”. Não contou com a participação de Lennon na gravação.
Rocky Racon
O humor meio nonsense de “Rocky Raccoon”, uma paródia bem-humorada das baladas do velho Oeste, por um momento nos devolve ao mundo menos ameaçador dos Beatles açucarados dos discos anteriores. Contou com a participação de George Martin no piano ao estilo de velhos salões do oeste americano.
Don’t Pass Me By
Primeira composição de Ringo Starr a ser gravada pelos Beatles, tendo este composto apenas mais uma música enquanto membro da banda: "Octopus's Garden", que aparece no álbum Abbey Road.
Why Don’t We Do It In The Road?
Uma curta vinheta de McCartney que parece aludir à revolução dos costumes do período – no ano seguinte, em Woodstock, milhares de pessoas de fato “fariam na estrada”, mesmo com todo mundo olhando. Só foi gravada por McCartney e Starr.
I Will
“I will”, uma canção curta de McCartney que parece conter, em menos de dois minutos, todos as nuances das baladas românticas de compactos de rock. Escrita para Linda Eastman, que mais tarde se tornaria sua mulher. Foi a primeira música que McCartney dedicou a ela. A música não contou com a participação de Lennon e Harrison.
Julia
Dedicada à sua mãe. Somente John participou da gravação. Em 2001, Sean Lennon, filho de John, cantou a música no especial em homenagem a John, Come Together.
Discografia para Download: http://maestrorobertoholandabeatles.blogspot.com/p/beatles-download.html
Disco 2
Lado A
Birthday
uma das últimas músicas que John e Paul colaboram juntos para a composição. Contou com a participação de Yoko Ono e Pattie Boyd (mulher de George) na vocalização. Os Beatles, naquele dia, acabaram de assistir ao filme "The Girl Can't Help It", foram ao estúdio e gravaram apenas a parte instrumental da música. A vocalização foi inserida depois.
Yer Blues
“Yer blues”, a voz e a interpretação de Lennon contêm uma aspereza e uma agressividade que prenunciam o estilo que, oito anos depois, seria rotulado pela crítica de punk rock. John cantou a música no ''Rock and Roll Circus'' dos Rolling Stones junto a Eric Clapton e Keith Richards em 1968. Foi a única música dos Beatles que John cantou ao vivo no Festival de Toronto em 1969. Esta música marca a volta de Ringo Starr às gravações, após o desentendimento com o grupo. Em sua volta, Ringo econtrou o estúdio enfeitado com balões e sua bateria repleta de flores com um grande cartaz dizendo: "Você é o melhor baterista do Rock and Roll, volte pra casa!"
Mother Nature Son
Composta e gravada somente por Paul. Começou a ser escrita ainda na Índia é relata o contato de Paul com a natureza naqueles dias longe de toda a correria Beatle.
Evebory's Got Something To Hide Except For Me And My Monkey
Também começou a ser composta na índia e sua letra é uma quebra-cabeça de palavras. O título foi retirado por bordões típicos citados por Yogi, na Índia. Excetuando-se a parte sobre o "monkey".
Sexy Sadie
Uma melodia suave, harmonicamente estranha e desafiadora, com uma letra enigmática em que Lennon se despede com ironia do Maharishi. Principalmente pelo fato do guru Maharishi ter supostamente tentado seduzir Mia Farrow.
Helter Skelter
Com o grito final de Ringo: “I got blisters on my fingers” (“Meus dedos estão cheios de bolhas”).Quando, pouco depois, Charles Manson e seu bando de assassinos enlouquecidos rabiscaram “HELTER SKELTER” na parede do apartamento onde cometeram sua chacina gratuita, os Beatles ficaram mortificados; mas de algum modo a escolha parecia apropriada. Anos mais tarde os críticos apontariam essa faixa, ao lado de gravações contemporâneas dos Doors e “In-a-gadda-da-vida” do Iron Butterfly, como a semente do que veio a se chamar de heavy metal. Não é por menos que a canção seria regravada nas décadas seguintes por uma penca de conjuntos, do Aerosmith ao U2, passando por Motley Crüe e Siouxsie and the Banshees. Foi a resposta de Paul gravar a música mais barulhenta que ele pudesse fazer depois de saber que o grupo The Who havia feito algo semelhante em "I Can See For Miles". Especula-se que há uma versão de 27 minutos que não entrou no álbum e continua inédita até hoje.
Long, Long, Long.
Uma melodia doce, um riff de violão de arrepiar, uma letra simples... Long, Long, Long é sem dúvida uma das mais belas músicas compostas por George(e minha música predileta no repertório dos Beatles). George posta sua voz como se fosse um delicado cristal a cada frase.
Lado B
Revolution
É praticamente uma versão acústica da música "Revolution", que apareceu em um compacto lançado anteriormente(em ritmo mais acelerado e com mais “peso”), junto com Hey Jude. Os Beatles(na verdade Lennon)conseguiam mais uma vez captar o espírito rebelde de 1968 com brilho. Posições pacifistas e não-violentas defendidas por Lennon e Harrison em diversas oportunidades; como “We all want to change the world / But when you talk about destruction/ Don’t you know you can count me out?” (“Todos nós queremos mudar o mundo/ Mas quando você fala sobre destruição/ Não vê que estou fora dessa?”) iam a contrapelo da sensibilidade da época.
Honey Pie
A faixa seguinte vira as costas para o momento histórico: “Honey pie” é uma das muitas composições de McCartney que nada devem ao rock, dando a impressão de pertencerem a uma Inglaterra antiga, meio mítica, impressão realçada, na introdução da faixa, pelo engenhoso efeito de disco de 78 rotações arranhado.
Savoy Truffle
um rock agitado, Harrison constrói toda uma letra em cima da descrição de uma caixa de bombons, com alguns toques eróticos e private jokes (inclusive uma referência, discretamente crítica, a “Ob-la-di, ob-la-da”, gravada três meses antes).
Cry Baby Cry
John fala que se baseou em histórias que ouvia quando era criança, apesar do clima de contos de fada, com reis e duquesas, pode ser lida também como uma crítica sutil ao cotidiano indolente e fútil da nobreza da Inglaterra (todos ainda se lembram da ocasião em que Lennon, quando o conjunto se apresentava a um público aristocrático, pediu à platéia que aplaudisse e acrescentou: “Vocês nos camarotes, é só sacudir as jóias.”). Tudo parece indicar que o Álbum branco caminha para um final tranqüilo, após a explosão do terceiro lado. No entanto, a penúltima faixa, a mais longa de todas, contraria todas as expectativas. À medida que o enigmático verso final de “Cry baby cry” (“can you take me where I came from, brother can you take me back?”) vai desaparencendo aos poucos.
Revolution 9
Após todo o lirísmos da faixa anterior, ouve-se uma voz masculina repetindo “Number nine, number nine”, e tem início a faixa mais estranha até então incluída num disco de música popular. “Revolution 9” é música concreta, um tipo de criação musical que não era mais nenhuma novidade no final dos anos sessenta; mas sua inclusão num álbum de rock era uma temeridade. Logo veio à tona que a faixa fora uma imposição de Lennon, contra a oposição acirrada de McCartney e do arranjador e mentor musical do grupo, George Martin; acabou saindo como um gesto de desafio do mais rebelde dos Beatles, aparentemente um corpo estranho no disco. Porém em 1968, passado o espanto inicial, “Revolution 9” pareceu a muitos mais afinado com o espírito geral do Álbum branco e do momento histórico do que “Revolution 1”. Numa colcha de retalhos sonora que evoca aquelas colagens visuais de manchetes de jornais e fotos de revistas com que tantos adolescentes da época enfeitavam seus fichários escolares, entra um pouco de tudo: programas de rádio, clichês cinematográficos, trechos de estudos para piano, gritos, risos, música de igreja, até mesmo uma espécie de slogan gritado em coro que logo foi identificado – seria a Guarda Vermelha chinesa entoando o nome do Grande Timoneiro. De certo modo, é o clima de “Helter skelter” outra vez, só que sem recorrer ao idioma do rock, um pandemônio desconexo que é talvez o retrato sonoro mais perfeito de 1968. Após essa faixa longuíssima, em que os Beatles parecem estar exigindo de seu público mais do que qualquer músico popular jamais ousou fazer, como terminar o álbum? Da maneira mais inesperada possível, é claro.
Good Night
“Good night” é o final perfeito para o disco mais caótico e heterogêneo do rock: uma balada melosa (teria sido composta por Lennon para seu filho como um acalanto, com intenção de parodiar o estilo de Paul), com uma melodia repetitiva, uma letra da mais perfeita doce, uma orquestração suabilíssima – violinos, violoncelos e um coro feminino – e, no primeiro plano, a voz de Ringo Starr, sem tentar em absoluto disfarçar o pesado sotaque de Liverpool. Quando a faixa parece chegar ao fim, temos uma pequena modulação harmônica a canção recomeça, agora em tempo de valsa! É um toque magistral. Por fim, enquanto a orquestra sai de cena num diminuendo, Ringo se despede do respeitável público – que, como ele bem sabe, incluirá dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo assim que o disco chegar às lojas, quatro meses após essa sessão de estúdio: “Good night good night everybody/ Everybody everywhere/ Good night.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário